quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Quebrando o silêncio: O Abuso na Terceira Idade

Campanha Quebrando o Silêncio
Em 1958 foi conduzido em Baltimore, EUA, um estudo[*] com o objetivo de determinar como mudam com o tempo os diferentes órgãos do nosso corpo. Os voluntários eram 800 homens e mulheres entre 80 a 103 anos,  acompanhados em seus processos de envelhecimento com extensas séries de provas.  Surgiram várias descobertas individuais que apoiam plenamente o otimismo da nova velhice. Alguns dos resultados encontrados nesse estudo foram os seguintes:

1- Descobriu-se que após os 30 anos, há uma redução da estatura em torno de 0,15 mm/ano; o tronco fica mais grosso e as extremidades mais finas; ocorrem mudanças no ritmo de mastigação; há o aumento das cáries e das doenças periodentais; o peso aumenta até os 55 anos e em seguida começa a diminuir, devido à perda de massa muscular, água e massa óssea; a gordura corporal permanece mudando apenas sua distribuição.

2- Há a diminuição da capacidade de detectar e relatar; há a diminuição das respostas aos estímulos; Há a diminuição da memória e do desempenho em teste de lógica; diminuição no aprendizado de matérias orais, o aumento de erros em tarefas verbais; diminuição dos hormônios sexuais, tamanho da próstata aumenta; o paladar diminui com a idade para substancias amargas ou salgadas, o odor também diminui com a idade;

3- Diminuição da função renal, da capacidade dos linfócitos e neutrófilos; Perda de força no antebraço e músculo do dorso a a partir de 65 anos; diminui a força muscular nas mãos em função da diminuição da massa muscular;

4- No âmbito sexual: há a diminuição dos hormônios sexuais; o tamanho do testículo não muda; aumento do tamanho da próstata; diminuição das fantasias sexuais.

 5- Diferenças entre os sexos: maior diminuição da densidade óssea após a menopausa; o consumo máximo de oxigênio é 20% em média maior em homens do que em mulheres; aumento da gordura abdominal após a menopausa nas mulheres e no homem esse aumento se dá no início da puberdade até a meia-idade; perda auditiva maior duas vezes nos homens que nas mulheres, diminuição da capacidade de identificar odores é mais rápida nos homens.

Embora o desempenho físico individual medido de acordo com o grupo de idade semelhante se deteriore com o tempo, isso nem sempre vale para cada uma das pessoas que compõem determinado grupo. Algumas conseguem reter a capacidade pulmonar quando todas as demais a estão perdendo.

Os estudiosos descobriram também que o exercício físico beneficia tanto os corpos velhos como os jovens: o aumento de massa muscular em 12 semanas de levantamento de peso era o mesmo verificado entre os sexagenários e os mais jovens. O importante é viver com amor e esperança e que a velhice  seja uma experiência maravilhosa de vida.

 O problema da violência contra os idosos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o abuso ou negligência contra o idoso pode ser um ato único ou repetido. Pode ocorrer em qualquer relacionamento onde haja expectativa de confiança ou onde a pessoa está em posição de poder e de autoridade.

Os tipos de abusos: 
Físico: inclui bater, golpear, medicação imprópria e privação física.
Sexual: toque sexual indesejado ou ser obrigado a atos sexuais.
Emocional: inclui insultos, intimidação, ameaças, ignorar ou isolar o idosos
Financeiro: inclui fraude, roubo, mau uso do dinheiro ou da propriedade, ou intimidar o idoso a fim de obter acesso a seus fundos ou propriedade.
Violação dos Direitos: inclui reter informação, interferir com a correspondência, ou confinar o idoso em uma instituição ou hospital.
Negligência: inclui deixar os idosos sem alimento, abrigo adequado ou sem alguém para cuidar dele.

Como prevenir o abuso
O primeiro passo e o mais importante para prevenir o abuso contra o idoso é reconhecer que ninguém, qualquer que seja a idade, deve sofrer violência, comportamento abusivo, humilhação ou negligência.

Como denunciar maus tratos
Existe uma estrutura que visa a minimizar as ocorrências de maus-tratos aos idosos, representada pelo Ministério Público e o Estatuto do Idoso. Outro serviço com essa finalidade, que dispõe de atendimento telefônico para formalização de denúncia de abuso contra idosos, é o Disque Idoso. No entanto, devemos considerar que uma calçada esburacada também é uma forma de violência, por ser limitante tanto para idosos como para pessoas que tenham algum tipo de limitação. Um serviço de saúde sem atenção à terceira idade e o transporte não adaptado também são uma violência provocada pelo poder público.



[*] Estudo Longitudinal sobre o Envelhecimento  Baltimore Longitudinal Study on Aging

- *** -

Minha experiência com a minha idosa*

Cada pessoa, homem, mulher, criança merece ser tratada com respeito e atenção. Cada pessoa, não importa o quão nova ou velha seja, merece estar protegida de danos por aqueles que vivem com elas, que delas cuidam ou com quem entra em contato no dia-a-dia.
Todo mundo ou quase todo mundo que tem avó, ou já teve, sabe que avó é uma “mãe melhorada”. Alguns dizem que avó estraga os netos; eu digo que avó é uma mãe melhorada − e mãe duas vezes.  Eu também estrago minhas netas. Mas também dou muito amor, muito carinho e realizo muitos ou a maioria de seus desejos e vontades. Às vezes não são desejos; são imposições e chantagens emocionais, mas a vovó aqui se derrete e segue “estragando” as netinhas.

Com minha avó era assim em parte. Carinho nunca me faltou. Vovó era viúva e sempre trabalhou para se manter. Tinha pouco tempo para mim, pois trabalhava como passadeira na casa de um engenheiro, de modo que eu só podia estar com ela nos fins de semana que meus pais permitiam.  Eu adorava os dias em que não tinha aula e então podia ir com vovó para seu trabalho. Ficava observando enquanto Luiza alisava as camisas e calças de “Candico” − Cândido, o filho da patroa, que era muito boa patroa para vovó.

Além de minha avó, trabalhava naquela casa Dona Juvita, a cozinheira, senhora muito carinhosa e que, sempre que eu passava o dia com minha avó, preparava doce de abóbora, o meu preferido.  Havia naquela casa um jardim muito bonito e eu me sentia muito feliz quando estava lá, no meio daquelas flores e plantas. Muito embora minha avó não pudesse estar do meu lado e ficasse pouco tempo comigo, eu me deliciava naquele jardim.

Bem, cresci e constituí minha própria família. Meu trabalho e meus filhos ocupavam meu tempo e por isso eu encontrava muito pouco minha avó − apenas quando ia à casa de minha mãe, nos fins de semana.  Com o passar dos anos, minha avó começou a apresentar alguns problemas de saúde. Não era Alzheimer, mas às vezes ela se esquecia de nós. Raramente lembrava o nome dos meus filhos, e eles, por outro lado, não se sentiam muito à vontade com vó Luiza.

Chegou uma fase em que minha idosa estava dando muito “trabalho” para minha mãe, então mamãe resolveu colocá-la em uma instituição para idosos. Vovó era visitada, nos dias indicados, e todas as suas necessidades materiais eram providas. Estava indo tudo bem, parecia um arranjo perfeito, até que começaram as reclamações: vovó trocava os ventiladores ou qualquer outro objeto que eu comprava para ela por cigarros − vovó sempre fumou, e mesmo com a doença e a idade ela ainda sentia necessidade do cigarro. Infelizmente esse foi o menor dos problemas; descobrimos que ela havia sido agredida por um funcionário da instituição. Denunciamos o ato de maus-tratos e retiramos vovó de lá. A instituição foi fechada algum tempo depois. Vovó Luiza voltou para a casa de minha mãe e faleceu alguns anos depois.

Dessa experiência, nos serve como reflexão o modo como tratamos as pessoas quando envelhecem. Alguns de nós trabalham e não podem cuidar; alguns de nós podem, mas não gostam de cuidar de idosos; alguns de nós fogem da responsabilidade de cuidar de quem de nós cuidou quando éramos igualmente indefesos; e alguns de nós, por impaciência, por maldade ou sei lá por que maltratam essas indefesas pessoas. Na minha opinião, deveríamos copiar dos orientais a maneira como eles tratam seus idosos. E com um pouco mais de amor. Amor é um importante parâmetro que falta nessa equação.
 O programa, executado pela Subsecretaria de Ação Social e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro, abrange ações voltadas para os idosos. A maioria dos projetos, cinco, é direcionada para o lazer do idoso, são eles: "A Cidade da Melhor Idade", "Integrando Gerações", "Na Trilha da Vida", "Ação Cultural Itinerante", "Visitando o Maracanã" e os "Centros de Convivência" que, além de atividades de lazer e socialização, pretende oferecer também atendimento médico. Há, também, no âmbito do Programa de Atendimento à Pessoa Idosa do governo do estado, a previsão de realização de um censo dos asilos para idosos e dos asilados no Estado do Rio, com o objetivo de diagnosticar a situação dessas instituições e de seus internos. O programa "Ligue Idoso/Ouvidoria" - é esse seu nome completo - encontra-se em atividade desde julho de 1999 e é o único em operação no Programa de Atendimento à Pessoa Idosa que não se vincula à idéia de promoção do lazer para os idosos, mas à defesa de direitos civis. O programa tem como objetivo "atender e encaminhar as denúncias de maus tratos e de desrespeito à legislação concernente a pessoa idosa, quanto a abuso e lesões de seus direitos, servindo para identificar situações de risco e no combate à violência doméstica física e psicológica, exploração, discriminação e outras ações classificadas na linha de maus tratos." (Relatório Anual do Ligue Idoso/Ouvidoria, 2000, p.01)

Essa postagem faz parte da blogagem coletiva promovida pelo blog Inspirações matinais, do Pastor Adolphino.  Os blogs participantes são:
Aconchego de Idéias
Amor Insano
Aconchego de Idéias
Análise Hoje
Coisinhas da Escriba
Cuca Super Legal
Eterno Aprendiz
Masquerade
Pedacinho do Céu
Pensamentos Urbanos
Quiosque Azul
Rê...passando!!!
Saúde pelas Plantas
Telvatanajura
Um Passo ao Céu

*Minha postagem para a campanha Quebrando o Silêncio foi  inicialmte concebida em duas partes, porém por problemas no meu computador se perdeu. Como havia um prazo a ser observado, inclui a primeira parte na data acordada. Recuperado o texto, resolvi incluí-la no final do post enviado em 30/09.

5 comentários:

  1. Como vítima de violência doméstica agradeço e apóio todos os amigos blogueiros que tentam de alguma maneira nos ajudar!

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  2. Olá Edilza.

    Volto aqui para matar a saudade. Sempre que o tempo permite aproveito para visitar e me atualizar. Confesso que estou ausente face às atividades, mas como diz o poeta; “amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, assim falava a canção...” Aproveito para compartilhar o poema a seguir;
    "Viva a Vida"...
    “Por que Viver é Exalar Pura Energia!
    É Devolver Sorrisos.
    É Acreditar que o Bem Sempre Vence o Mal.
    É Conquistar Amigos.
    É Ser Sempre Leal e Fiel.
    É Transformar a Dor em Alegria.
    É Ter Amor no Coração.
    É Correr Atrás dos Sonhos, da Inspiração, e dos Projetos
    Buscando Sempre o Entendimento das Coisas.
    Viver é Ser Sempre da Paz.
    É Orar em Agradecimento pelas Dádivas Recebidas.
    É Buscar o que Te Faz Bem, e aos Outros Também.
    Viver é Lembrar que o Sorriso é o Idioma Universal.
    É Lembrar que o Final não Existe.
    É Saber que Tudo é um Eterno Recomeço.
    E Ver a Vida Sempre com o Amor no Coração.” A.d.
    Votos de um ótimo fim de semana. Muita paz, saúde e proteção. Brilhe sempre! Fique com Deus. Sucesso...

    Valdemir Reis

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  3. Não imagino o que algumas pessoas pensam quando agridem crianças e/ou idosos. Aliás, a agressão de qualquer maneira é uma "droga".Mas contra quem é mais frágil é uma "droga de corvardia".Espero que ainda alcancemos o dia em que todos serão impulsionados apenas pelo amor, tolerância,paciência,solidariedade...por aí...bjs

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