Como se descobriram as propriedades das plantas

Os antigos acreditavam ser possível intuir as propriedades das plantas a partir de suas características. Esta idéia transformou-se já no tempo de Hipócrates na chamada "Teoria dos Sinais". Paracelso, ilustre médico e naturalista suíço do século XVI, dizia assim: "Todo o vegetal está cunhado pela natureza e é bom para aquilo que nos é indicado pelo seu sinal."

A Teoria dos Sinais

À semelhança de muitos de seus contemporâneos, o médico espanhol Andrés de Laguma (século XVI), tradutor da Matéria Médica de Dioscórides, acreditava que a tarefa do homem consistia em descobrir os sinais que o Criador tinha deixado nas plantas, como forma de decifrar suas virtudes. Por mais de dois mil anos, outros eminentes botânicos e médicos também aceitaram esta teoria dos sinais. Atualmente parece-nos uma anedota histórica sem o mínimo rigor científico. No entanto, é curioso observar como algumas de suas proposições puderam ser comprovadas cientificamente. Por exemplo:
- as Nozes são boas para o cérebro, pois contém fósforo e ácidos graxos insaturados em abundância. O interior de seus frutos mostra uma grande semelhança com a superfície do cérebro. A abundância de fósforo nas nozes é importante na bioquímica cerebral e do sistema nervoso;

- a Jarrinha da Europa contém um alcalóide de ação ocitócica que contrai o útero. Suas flores lembram os órgãos genitais femininos (externos e internos) por essa razão se usou para facilitar o parto. Hoje sabemos que contém substancias ocitócicas, ou seja, que estimulam as contrações uterinas;

- a Arenária Rubra é diurética e ajuda a expulsão de cálculos;

- o Meimendro-negro tem ação analgésica. Com base em que seus frutos lembram um dente, onde as raizes são representadas pelo cálice, vem-se estudando esta planta há muito tempo para acalmar as dores de dente. Hoje são bem conhecidas as suas propriedades analgésicas e narcóticas;

- as folhas da Pulmonária lembram a forma de um pulmão. Os antigos as usavam de forma empírica, para tratar afecções respiratórias. Hoje, sabemos que a pulmonária contém mucilagens e alantoína de ação suavizante sobreas mucosas respiratórias e, além disso, saponinas que atuam como expectorantes;

- e as folhas da Laranjeira são sedativas e benéficas para os doentes cardíacos.

É claro que também há muitos casos em que a teoria dos sinais falha, por mais atraente e sugestiva que possa parecer. Por exemplo:

- as sementes da rosa-primitiva não servem para tratar os cálculos urinários, apesar de sua semelhança com eles.

- as folhas do trevo-dos-prados não curam as cataratas, apesar da sua mancha branca que lembra o halo de uma catarata ocular.

Fonte: Enc.das Plantas